sábado, outubro 14, 2006

Trânsito, bebuns e limpeza













Não é nem necessário esperar pelo feriadão prolongado. Basta verificar num simples final de semana o quanto o número de acidentes de trânsito mata no Brasil.

O trânsito brasileiro já é um dos mais violentos do mundo. Os números são divergentes, mas impressionam: os acidentes de trânsito matam entre 20 e 40 mil pessoas por ano no Brasil, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAM). Estes acidentes representam, para o país, um custo de R$ 5 bilhões por ano, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) – tais valores por conta do atendimento das vítimas em hospitais, médicos, leitos, fisioterapia, etc.

As causas mais comuns para acidentes de trânsito são basicamente três: a péssima conservação das ruas e estradas brasileiras; Falha mecânica no veículo; E a maior das causas: Imprudência do motorista.

Quando se fala em imprudência, na verdade isto é um conjunto de vários abusos: excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas, desrespeito às normas mais banais de trânsito (como não usar cinto de segurança e falar ao celular enquanto dirige, por exemplo) e a imprudência das imprudências: bebida alcoólica.

Sim, a famosa “cervejinha” de fim de semana, de feriadão. Na maioria dos acidentes que acontecem nas cidades, a combinação bebida + alta velocidade tem causado graves acidentes, sobretudo entre os jovens.

Apesar de todos os apelos feitos na imprensa, jornais, internet, a galera não abre mão da cervejinha no fim de semana. É como se a diversão estivesse condicionada ao consumo de latinhas e mais latinhas de cerveja, a bebida mais consumida na night.

O governo gasta muito dinheiro com os atendimentos às vítimas e com propagandas alertando os riscos de direção + bebida. Mas não tem surtido efeito positivo. O que falta, então?
Alguém pode dizer que é uma questão de educação e concordo. Mas não é só isso. Educação por si não resolve os problemas do mundo. O problema aí é outro. E o governo tem que jogar pesado em duas frentes: Emissoras de TV’s e propagandas de cerveja.

Emissoras de TV lucram muito com os comerciais de cerveja. Estes mostram o consumo da bebida como algo festivo, onde o cidadão está sempre na praia ou num bar alegre rodeado de belas modelos e atrizes de TV. Não importa o horário, lá está um craque do futebol, uma atriz, uma modelo vendendo cerveja, vendendo felicidade.

Só que essa tal “felicidade” está muito distante da realidade. O vício em álcool é uma das principais fontes de conflitos familiares e crimes nas periferias das grandes cidades. O sujeito num boteco da periferia não está rodeado de belas modelos e atrizes... Está, na verdade, bebendo induzido pela propaganda, que parece dizer o seguinte: “Beba, beba para esquecer um pouco os problemas da vida... beba para sentir-se bem”. Há quem duvide que propagandas na TV induzam a tais comportamentos... mas se não funcionasse, não estariam aí, todos os dias, os filmes publicitários. E há mesmo muitas pessoas extremamente suscetíveis ao poder da TV nestes casos.

Se a intenção do governo é economizar e educar os motoristas, pode começar por reduzir ou mesmo acabar com tais propagandas (como fez com o cigarro, outra praga). Lembrando sempre que a TV é uma concessão pública e que a emissora pode ser cassada pelo governo. E é possível imaginar que essas empresas cervejeiras e de publicidade podem até serem processadas por estimular o uso de bebidas alcoólicas, seguramente um problema de saúde pública no país.

Ameaça? Chantagem? Moralismo? Censura? Pensem como quiser. O que não dá mais é ver estes números crescentes e a cada final de semana uma horda de motoristas imprudentes e bêbados saírem por aí colocando em risco a vida não apenas deles mesmos, mas também daqueles que nada tem a ver com as loucuras e bebedeiras dos outros.

"VAMOS PASSAR O BRASIL A LIMPO"

Parece que o bordão de Bóris Casoy é o mote desta campanha presidencial no segundo turno. O Brasil é um país privilegiado: quem sair vencedor deste pleito certamente será o presidente mais "limpo" da história. Um não sabia de nada e outro finge que não é com ele.

Estamos bem servidos. Só lamento mesmo pela não eleição de Juca Chaves ao senado pela Bahia: com o "cãozinho dos teclados"Frank Aguiar e Clodovil com alguma dança exótica, só faltou mesmo o Menestrel para alegrar a cena política brasileira!

1 Comments:

At quinta-feira, maio 26, 2011 7:20:00 PM, Anonymous Anônimo said...

muito legal esta reportagem :D

 

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