terça-feira, maio 23, 2006

QUASE POEMA



Que venha um grito de fé!
Venha de onde vier,
mas pra ontem...
Para colar sobre as
manchetes desses dias...

Pode ser poesia fria,
notas engraçadas,
crônicas mal escritas ou elaboradas...
mas que trate de coisas
em que já não acreditamos mais...

Como essa poesia que teima
em querer sair!

Ou uma criança que teima em sobreviver à lixeira
e receba o nome de Vitória – não importa
a falta de criatividade!

Ou alguém que tenha chegado ao limite e grite:
Basta !!!

Qualquer coisa, enfim, que chacoalhe
e desligue o piloto automático,
desse planejar apático,
atávico
de não viver a vida.

Não! Não se engane:
isso tudo não nasce do medo!

Não!
Não é mesmo o medo...
Mas a vergonha !
Por esse mundo que deixamos
para nossos filhos...

O legado abominável
do não ser...
humano!

Alguém então, venha
e caminhe junto...
em silêncio, que seja...
quem sabe não acordemos
desse pesadelo,
ou não sonhemos, juntos também,
com vida...
Com verdadeira vida!


Nota 1

Desculpem, leitores desse aclamado Blog (Hehehehehe ...... brincadeira) pela insistência dessa pobre alma em tentar fazer poesia.

Há uma desculpa muito boa para isso, e começo desde logo para não perder o embalo.

Ao tentar escrever um novo texto, fui inibido pela força e temática da postagem anterior. Nada parecia tão importante, ainda que eu entenda que há muito mais coisas importantes a tratar, como o amor, por exemplo.

Essa inibição travou qualquer tentativa racional...e aí comecei a correr os dedos pelas teclas, como num grande rascunho...

Assim surgiu esse Quase Poema....porque na verdade ele é e continua sendo só isso: um grande rascunho.

Mas vale pela imagem de Van Gogh, que bem ilustra o acordar de um pesadelo ou o sonhar juntos, tanto faz.

Desculpem, mais uma vez, por mais este deslize.


Nota 2

Ainda que não tenha vindo à baila, a postagem anterior – o texto híbrido – foi escrito em parceria desigual. O Jaime mandou as duas bobagens iniciais e, com base nelas, foi muito simples concluir. Grandes verdades as do Jaime !!!

Queria comentar o nome que eu dei ao post: KOYAANISQATSI.

KOYAANISQATSI é uma palavra da linguagem HOPI que significa vida fora de equilíbrio, vida louca ou qualquer coisa parecida. Foi um filme que assisti há muito tempo, e que me marcou muito, quer pelas imagens, quer pela música de Philip Glass (que se superou nessa trilha sonora, e na de MISHIMA, entre outros). Quem não viu, vale a pena procurar.


Nota 3

Como queria trazer para o Blog um pouco de beleza...e como sem dúvida alguma o Quase Poema não se enquadra nessa tentativa, vou transcrever a letra de uma música-mantra de Walter Franco...esse grande poeta de quem empresto o “tudo é uma questão de manter, a mente quieta e espinha ereta e o coração tranqüilo”, como um bálsamo para todas as ocasiões. Mas hoje, vai a letra do INTRADUÇÃO, tão simples e tão exuberante. Ao lado de Van Gogh, então, finalmente um pouco de poesia:

Se eu não vejo
a mulher que eu mais desejo.
Nada que eu veja
vale o que eu não vejo !


Daniel Bykoff, é co-editor desse Blog e às vezes faz essas loucuras...mas não é sempre !