quinta-feira, junho 01, 2006

MAIS UMA VEZ....

Interessante essa resistência que tenho em escrever poesia ... idêntica à que eu tinha em escrever para teatro (tá certo, confesso, fiz teatro amador na juventude e só larguei por um dever auto-imposto de estudar para alguma profissão viável).

A mim soa como se eu tivesse receio em descobrir alguma habilidade adicional e, assim, concluir que escolhi o caminho errado (ainda que eu saiba que nenhum caminho é errado, e que errado é o caminho em que você não está).

Mas quando rompo essas resistências e ouço tantas palavras de carinho e incentivo, como as que ouvi ainda outro dia, parece que a dificuldade em escrever não “ortodoxamente” fica maior ainda. Será que se ouvisse coisas não muito agradáveis minha reação seria diferente ?

Talvez devesse tentar mesmo.....

Essa rápida introdução, na verdade, é um pretexto para tentar novamente...não porque eu precise provar alguma coisa a alguém (a mim próprio...talvez !?). Mas porque a aridez da escrita na minha profissão me obriga a extravasar nos Blogs da vida, quer nas postagens, quer nos comentários que faço aqui e ali nas postagens dos meus amigos.

Meu partner Jaime supõe que eu tenha muitos poemas guardados, catalogados por fases, estilos e tudo mais. Huahauahauahauh !!!! Ledo engano. Não tenho nada escrito, nada guardado. Minto: de toda minha produção literária de outros tempos, tenho somente uma peça teatral infantil (na verdade um musical-infantil-pacifista-ecológico), o aclamado e mundialmente famoso: NÃO APERTA QUE EXPLODE, que é a história de uma bombinha atômica que não quer explodir !

Pois é.....e porque não escrever mais para as crianças, se ali, naquelas cabecinhas, se passa toda a magia do Universo (porque ali tudo é possível) ?

Minha filha tem 3 anos e vive me pedindo para contar histórias ... isso a toda hora (não as clássicas para dormir, etc). Ela quer que eu as invente, e acaba interagindo porque ela própria muda o rumo da história encaixando novos personagens, mudando destinos, inserindo-se na trama, etc....

Sei que cumpro um papel importante ao contar tais histórias para a Rafaela...mas sou eu o maior beneficiário desses momentos, porque ao invés de contar uma história de mentira para um juiz (que é maya-ilusão...nosso mundo dentro da Matrix), conto uma outra de verdade para minha filha (que é vida real).

Perdoem-me os leitores, então, mas esse poema vai para minha filha Rafaela. Os arqueólogos e antropólogos do futuro certamente não conseguirão entender muito dessa civilização se encontrarem minha produção literária ... mas ao menos poderão ter alguma idéia do que realmente importa para esse advogado-blogueiro do ABC paulista. Perdoem se parece piegas ... mas é que amor de pai é piegas mesmo! Lá vai:

Parece que foi assim

a vida inteira:

ser seu pai...

Na minha infância sem sorriso,

na adolescência obstinada,

na juventude perdida,

te vejo sempre e,

por mais que eu tente,

não lembro como era sem você...

Tamanha a dependência

do seu sorriso,

do seu dia....

Sei que digo isso

sempre,

de todas as formas...

mas não tinha dito – ainda –

em versos...

mal escritos,

é verdade....

mas escritos

para dizer -

de outro jeito -

que te amei sempre

e que sempre

estarei por perto...

mesmo quando eu

não estiver mais!

Daniel Bykoff, é co-editor desse Blog e continua cometendo essas insanidades: publicar poemas de qualidade duvidosa.

P.S. O DESENHO MARAVILHOSO DO TOPO É DA MARIANA MASSARANI.